João Regazzi

João Regazzi Gerk nasceu em Cordeiro, região serrana do Estado do Rio de Janeiro em 1944. Sua história com a UERJ iniciou-se em 1964, sendo estudante de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da até então Universidade do Estado da Guanabara (UEG).

Durante os anos de 1970, cursou sua residência médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e obteve o título de mestre em Medicina Social em 1979, já na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Nos anos em que esteve na graduação, atuou ativamente no movimento estudantil, num período em que o Brasil enfrentava uma ditadura militar e a mobilização de estudantes enfrentava grande repressão.

Em 1972 tornou-se docente da Universidade, integrando o quadro de professores do Instituto de Medicina Social. De 1988 a 1992 foi vice-reitor da UERJ na gestão do reitor Ivo Barbieri, integrando a primeira chapa eleita a tomar posse após o fim da ditadura. Durante o período em que esteve no cargo, foi de grande importância no processo de interiorização da Universidade com a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF), que foi incorporada à UERJ em 1988 e também na criação da Coordenadoria de Campi Regionais, em 1991. Também ocupou o cargo de sub-reitor de Extensão e Cultura da UERJ (2007-2008) e subsecretário de Estado de Educação Profissional e Ensino Superior e em 2010 como superintendente da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro.

Regazzi foi um grande entusiasta da Medicina Social, defendendo a ideia de que a saúde pública era uma luta social e política, sendo necessário um sistema de saúde público para todos os brasileiros. A Faculdade de Ciências Médicas da UERJ esteve engajada em prol da Reforma Sanitária nos anos 1980, mobilizando o corpo docente e o Centro Acadêmico Alexandre Fleming em ações envolvendo a democratização do acesso à saúde e à educação. Tais movimentações foram fundamentais para a Faculdade de Medicina da UERJ discutir um novo currículo acadêmico, aumentando a inserção social dos cursos e desenvolvendo habilidades profissionais para atuação coletiva na área da saúde.

Sendo idealizador do Projeto Internato Rural, João Regazzi se inspirou nas lutas em defesa da Saúde Pública do Brasil, pautando a interiorização da Universidade crendo em sua contribuição ao corpo docente e na ampliação dos campis. O Internato Rural tinha como objetivo fortalecer a instituição pública, fomentando a ciência e ampliando o atendimento a áreas mais carentes, principalmente no interior do estado.

A cidade de Cordeiro, região serrana do Rio, recebeu em 1984 o pré-projeto do Internato Rural, chamado Internato de Medicina Social, que envolvia dois alunos sob a supervisão do professor João Regazzi. O Internato se encaixava no debate defendido na Faculdade de Ciências Médicas de que era preciso enriquecer a formação acadêmica dos futuros médicos e a carência de um sistema de saúde que suprisse as demandas da população.

No ano de 1986, na gestão do reitor Hésio Cordeiro, o projeto é instaurado em Resende, sul do Rio de Janeiro. Ao longo dos anos, o fortalecimento das políticas de interiorização da UERJ se consolidou e abriu-se espaço para a criação da Coordenadoria dos Campi Regionais, em 1990, onde Regazzi também esteve à frente.

O ex-vice reitor e professor, nos deixou em 2020, aos 76 anos, consciente da sua contribuição ao longo dos anos, construindo um legado que pode ser exemplificado com o número de campus que a Universidade possui hoje e estão à serviço da comunidade fluminense e aqueles que ainda estão construídos.

Livro "Políticas de Interiorização da UERJ"

Politicas_de_Interiorizacao_UERJ_Tatiane_Alves_Baptista.pdf